Televendas morreu? A verdade por trás da transformação do setor

Por décadas, o televendas foi o coração das estratégias comerciais de inúmeras empresas. Mas, com o avanço das redes sociais, dos e-commerces e da inteligência artificial, a pergunta que ronda os bastidores do mercado é direta e incômoda: afinal, o televendas morreu?

A resposta curta é: não.
Mas a longa, e mais interessante, revela um cenário em profunda transformação — onde sobrevive quem se reinventa.


O que está acontecendo com o televendas?

É fato: o modelo tradicional de televendas — aquele baseado em ligações frias, roteiros engessados e volumes massivos de chamadas — está ficando para trás. A ascensão de novos canais, como WhatsApp, chatbots e redes sociais, mudou a forma como o consumidor quer se comunicar e comprar.

Segundo dados da Zendesk (2024), empresas que integraram canais digitais ao televendas cresceram 42% mais do que aquelas que mantiveram apenas o canal telefônico. Ou seja: o telefone continua sendo uma ponte comercial, mas não mais a única.


Os números não mentem

Apesar das manchetes pessimistas, o setor ainda pulsa. Veja:

  • 📈 As vagas em telemarketing cresceram 50% em 2023, segundo o portal JC Concursos.

  • 📉 Em contrapartida, o modelo ultrapassado de telemarketing perdeu mais de 21 mil empregos em 12 meses, segundo a Exame (2019).

  • 🧾 O fim da desoneração da folha previsto para 2024 poderia provocar a demissão de até 30 mil pessoas só no setor, segundo o Sinditelebrasil.

Ou seja: há uma reconfiguração em curso, com menos foco no volume bruto e mais em tecnologia, personalização e eficiência.


Televendas morreu? Não. Ele evoluiu.

O que morreu foi o televendas ultrapassado, aquele que incomodava em horário de almoço com ofertas genéricas.

O que nasceu no lugar foi uma abordagem mais estratégica:

  • Atendimento consultivo: entender antes de oferecer.

  • Abordagem personalizada: com dados reais e históricos do cliente.

  • Suporte híbrido: telefone + WhatsApp + e-mail + redes sociais.

  • Integração com CRM e BI: para criar previsibilidade e eficiência.

👉 Empresas que entenderam isso têm colhido os frutos.


O televendas no centro da estratégia omnichannel

A chave para o futuro do televendas está em uma palavra: omnichannel.

Hoje, o consumidor pode iniciar uma conversa pelo WhatsApp, tirar dúvidas via chat no site e finalizar a compra por telefone. E ele quer fluidez nesse caminho.

Integrar o televendas com outras frentes garante:

  • Experiência mais humana e resolutiva

  • Redução no tempo de resposta

  • Mais chances de conversão e fidelização

Segundo a Inhouse Contact Center, 94% dos consumidores esperam poder transitar entre canais sem fricção. E o telefone, por incrível que pareça, continua sendo o canal preferido para resolver questões complexas.


5 passos para modernizar sua operação de televendas

1. Use tecnologia a favor da voz

Implante discadores inteligentes, gravações automáticas, scripts dinâmicos e sistemas integrados com CRM.

2. Capacite sua equipe

O televendas moderno exige escuta ativa, inteligência emocional e foco em resolução de problemas — não só “empurrar produto”.

3. Integre canais

WhatsApp, redes sociais, chat no site e e-mail precisam conversar entre si. O telefone é parte do todo.

4. Personalize cada ligação

Utilize dados históricos para antecipar necessidades. Um vendedor bem informado converte mais — e irrita menos.

5. Mensure e ajuste constantemente

KPIs como taxa de conversão, tempo médio de atendimento e NPS ajudam a manter a operação afinada.


Cases de empresas que não desistiram do telefone

🔹 Magalu: manteve o televendas ativo e o integrou ao app, criando uma ponte eficiente para vendas mais complexas.

🔹 Netshoes: oferece atendimento telefônico como suporte complementar ao site — especialmente para clientes mais tradicionais.

🔹 Claro e Vivo: seguem com centrais telefônicas robustas, mas cada vez mais conectadas a plataformas digitais.

Esses exemplos mostram que o telefone não é inimigo da inovação — ele é parte dela.


Quando o televendas ainda é insubstituível

Existem nichos onde o contato por voz ainda reina absoluto:

  • Vendas B2B consultivas

  • Produtos com valor agregado alto

  • Público sênior ou fora dos grandes centros

  • Negociações financeiras (seguros, empréstimos, consórcios)

Nesses casos, o televendas não só funciona — ele é fundamental.


Conclusão: não, o televendas não morreu. Mas quem parou no tempo, sim.

Se você está se perguntando se o televendas morreu, a resposta certa é: o velho televendas morreu — e isso foi ótimo.

O novo televendas é digital, estratégico, humano e integrado.
Ele exige tecnologia, inteligência comercial e, acima de tudo, respeito ao tempo do cliente.

Empresas que ainda veem o telefone como “relíquia” estão perdendo oportunidades valiosas de se conectar com seu público.

Prof. Isaac Martins, mestre pela USP, Coordenador e Professor do curso de pós-graduação em Inteligência Artificial aplicada a Gestão de Pessoas, autor de livros e fundador do Instituto Isaac Martins

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